Coxa consegue por respeito

Escrito por Luciano Balarotti e editoria

Apesar dos números excelentes que garantiram de forma invicta o título estadual e dos 100% de aproveitamento nas três primeiras fases da Copa do Brasil, foi na noite desta quinta-feira que o resto do Brasil se deu conta de que o Coritiba não é apenas um fenômeno local. A goleada por 6 a 0 sobre o Palmeiras provocou o reconhecimento nacional ao time pananaense e o transformou de azarão a um dos favoritos na conquista da competição que dá ao campeão a vaga na Taça Libertadores de 2012.



Se antes do jogo com a equipe paulista ainda existiam desconfianças sobre as reais chances do Coxa na temporada, o "chocolate" aplicado foi motivo para reavaliar as análises anteriores. Até o técnico palmeirense Luis Felipe Scolari mudou bastante a sua opinião sobre o Coritiba. Na semana anterior ao jogo, Felipão chegou a perguntar de quem o time paranaense havia ganhado até então. Após a partida, o técnico reconheceu.

- Deram um show de bola na gente.

De quebra, os seis gols sobre a equipe paulista arrasaram com a tradicional “defesa que ninguém passa” que o Palmeiras se orgulhava e que é tão característica dos times de Felipão. Antes do jogo, o time ostentava um número impressionante de 13 gols sofridos em 26 partidas. Noventa minutos depois, o Alviverde paulista havia tomado quase a metade do seu antigo saldo.

Com a goleada, o Coxa atingiu a expressiva marca de 81 gols marcados em 2011 - média de 2,79 por partida. Além disso, ampliou para 24 o recorde de vitórias consecutivas e manteve os 100% de aproveitamento na competição nacional.

Quem vive de futebol sabe que o Coritiba joga muito bem, mas a goleada foi um divisor de águas"Gil Rocha, comentaristaA vitória sobre o Palmeiras foi definida pelo jornalista e comentarista da RPC TV, Gil Rocha, como "fundamental" para que o Coritiba se mostrasse como uma das grandes forças do futebol brasileiro nesta temporada. No entanto, ele entende que essa imagem se modificou apenas para o público em geral.

O comentarista acredita que essa divisão de águas se dá pelo fato de que, agora, jogadores e comissão técnica sabem que não é preciso provar quem é o Coritiba. Mesmo a condição de detentor do recorde de sequências de vitórias seguidas não deve ser mais um dilema a cada jogo.

- Contra o Palmeiras, os jogadores sabiam que um resultado negativo seria motivo para que tudo de bom que havia sido conquistado fosse colocado em dúvida. Agora, o Coritiba já provou aquilo que tinha que provar - diz Gil Rocha.

Entre a comissão técnica e os jogadores, o ambiente é de felicidade pela vitória e pelo maior respeito conquistados. No entanto, o discurso da modéstia é presente e repetido como um mantra. O técnico Marcelo Oliveira ainda evita de colocar o time como favorito ao título.

- Acho que a vitória pode ter mudado nosso status nacionalmente, mas aqui dentro não. Surpreendeu pelo placar, mas não pela vitória, que é fruto do comprometimento, do empenho e do desempenho ofensivo. Não nos considero favoritos. Temos este objetivo, talvez agora mais próximo e mais claro. Mas temos um trabalho árduo pela frente e esperamos muitas dificuldades.

O discurso do mineiro Oliveira também se reflete entre os jogadores, que evitam arroubos de falta de modéstia e se colocam como um grupo coeso.

- Eu vim quietinho fazendo meu trabalho. Nem gosto de dar entrevista e deixo vocês falarem sobre o que a gente faz dentro de campo. O Marcelo Oliveira sempre fala que aqui não tem craque. Tem um grupo que está fazendo a diferença - explica o lateral Jonas

Mas o grupo do Coritiba quer, cada vez mais, mostrar suas credenciais através das vitórias. Tanto que o atacante Rafinha não esconde que o Alviverde não é mais coadjuvante e que tantas vitórias e bons jogos são típicas de quem chegou para ganhar títulos.

- Estamos trabalhando jogo a jogo e temos que ser respeitados, pois não é todo dia que uma equipe alcança 24 vitórias seguidas. Estamos pensando grande, e quem sabe, a gente consiga conquistar a Copa do Brasil.

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